Convenci-me e a todos também, que seriam algumas poucas palavras, devido a minha vergonha. Coloquei na minha cabeça que eu não iria chorar ou fazer algum papel de boba lá na frente.
Mas durante o Curso, os integrantes da Igreja em minha homenagem cantaram músicas e do fundo do meu coração parecia que aquelas músicas eram destinadas para mim: falava da força de Deus, dos obstáculos, das montanhas, dos sonhos quase impossíveis, das fraquezas, das fortalezas e de como Deus é grande e bom. Derramei algumas poucas lágrimas sem conseguir manter aquele redemoinho de emoções dentro de mim, mas olhando para o lado a minha mãe estava desabando no choro. Achei que até ali eu poderia segurar um pouco mais toda a emoção que tinha me invadindo. Engano meu, ledo engano.
Até que chegou a minha hora de ir lá na frente fazer o tão temido(e esperado) discusso.
Lembro-me que as minhas mãos tremiam, e que o Irmão de fé dizia que eu podia me sentir a vontade para fazer o que quisesse. E com aquele microfone na minha mão, tudo que eu tinha pensado para o discusso, tudo de metódico que eu tinha planejado evaporou totalmente... menos 1 frase: "Quero agradecer primeiramente a Deus..." e não consegui completar. Desabei ali mesmo, em frente a todos, como se as palavras faltassem a minha mente, mas tudo aquilo que eu precisava sentir estivesse dentro de mim. E fiquei um bom momento chorando(me dando conta da magnitude do Senhor), minha mãe se levantou da cadeira e veio ao meu lado até que eu consegui me recompor.
Então eu falei...
Acho que nunca na minha vida falei tão sinceramente e com o coração tão leve. E se alguém me perguntar: "Karina, você se lembra exatamente o que você disse?" eu te diria que não. Não consigo me lembrar de quase nada do que disse, a única coisa que eu tenho certeza é que tudo foi sincero, cada palavra, cada lágrima, cada vírgula.
Posso dizer aqui o que lembro, porque não quero esquecer.
- Agradeci a Deus por ter estado sempre comigo e ter me dado forças para conseguir realizar meu sonho
- Agradeci pela a minha família
- Disse que a minha família de Maciape era a que era mais próxima de Deus e que se eu tivesse que fazer algum agradecimento tinha que ser ali, diante deles e de todos
- Falei sobre os meus sacrifícios e as minhas dificuldades para conseguir passar em uma universidade pública
Foi quando ao agradecer a minha família, tive que olhar para os que estavam presentes e com muita surpresa vi que eles também estavam chorando, emocionados e que os outros que estavam ali também tinham lágrimas em suas faces. Foi ali que me dei conta que, não era eu e somente eu que estava ali falando para todos aqueles, era Deus que estava colocando as suas palavras em minha boca, porque de alguma forma eu estava tocando aquelas pessoas, assim como Deus estava fazendo o seu toque na minha vida.
Então, depois de ter descarregado tudo o que estava dentro de mim, eu fui me sentar com a minha mãe.
O Irmão de fé que antes tinha cedido o microfone para que eu pudesse agradecer estava em lágrimas e disse algumas palavras que me comoveram, enterneceram o meu coração.
Em seguida minha tia Miriam foi dar o seu depoimento e mais uma vez estava eu em lágrimas, emocionada e me dando conta de que a obra de Deus quando ele resolve tocar a sua vida é maravilhosa e deve ser reconhecida.
Ali, naquele momento tão límpido e tenho pra mim tão esclarecedor, eu senti que nunca estive tão perto de Deus antes quanto naquele dia. Meu papel era agradecer, por tudo.
Então agora, ao me lembrar das minhas inquietações e dos meus receios iniciais no início me sinto uma tola.
Como eu poderia resistir a isso? Como eu poderia resistir ao toque, abraço e ternura de DEUS?
Não tem como, ele é GRANDE é BOM é FIEL e é JUSTO.
E MAGNÂNIMO. Explendidamente MAGNÂNIMO.
